Carmignac

A nossa análise mensal do investimento: dezembro de 2022

  • Autor
    Kevin Thozet
  • Publicado
  • Duração
    4 minutos de leitura

Dezembro de 2021 marcou o início do superciclo de subida das taxas dos principais bancos centrais dos países desenvolvidos. Um ano mais tarde, estas mesmas instituições confirmaram a sua firmeza ao adotarem uma postura marcadamente restritiva.

A Reserva Federal norte-americana indicou que a sua política monetária ainda não é suficientemente restritiva e que, quando o for, continuará a sê-lo durante todo o ano de 2023. O Banco Central Europeu (BCE) reviu em forte alta as suas perspetivas de inflação e apontou para uma taxa "terminal" – ou seja, a taxa de juro diretora que marca o ponto alto do seu ciclo de orientação monetária restritiva – acima dos 3%. Por último, o banco central japonês apanhou os mercados de surpresa ao aumentar o seu limite de tolerância a taxas mais elevadas, alargando assim (em alta) o intervalo de flutuação autorizado para as taxas soberanas japonesas a 10 anos.

Tais testemunhos de firmeza monetária resultaram numa descida acentuada dos índices das obrigações (as taxas alemãs a 2 anos registaram um aumento de 30 pontos base num dia!) e dos índices das ações (o índice Nasdaq 100 observou uma queda de 9% ao longo do mês). O mês de dezembro ilustrou na perfeição o que aconteceu em 2022, com uma descida correlacionada nas ações e obrigações, privando os investidores do seu refúgio habitual nas obrigações, tão útil perante as difíceis condições do mercado bolsista.

O ano passado demonstrou claramente o que abordámos há mais de um ano: atualmente, já não são os bancos centrais que determinam o nível das taxas de juro, mas sim a própria inflação. A partir desta constatação, agora confirmada pelos factos (dos bancos centrais após a inflação), concluímos que o ambiente económico mais cíclico justifica o recurso a uma gestão ativa. De facto, este estilo de gestão é mais suscetível de se adaptar às mudanças de trajetória do crescimento e da inflação do que as versões passivas.

A decisão do governo chinês de pôr termo à sua política de "zero Covid" foi o ponto alto do final do ano. O levantamento das restrições nas fronteiras impostas por Pequim, o último obstáculo a uma reabertura total do país desde os primeiros anúncios de flexibilização em novembro, era de facto esperado.

As bolsas locais saudaram a reviravolta governamental, apesar da falta de preparação a nível de vacinação e da súbita reabertura em curso. Embora tenha surpreendido muitos investidores, esta decisão é uma indicação clara de que a China voltará, em breve, a contribuir para o crescimento económico mundial, produzindo também efeitos na inflação – um novo elemento a considerar nas estratégias de investimento em 2023.

Principais movimentos nas carteiras

Embora os bancos centrais estejam a demonstrar uma certa determinação em combater a inflação, tal não deverá ser efetuado a qualquer custo. Na Europa, por exemplo, o BCE parece estar preparado para aumentar as suas taxas de juro dos depósito para 3,5% e reduzir a dimensão do seu balanço nos próximos trimestres. No entanto, a instituição presidida por Christine Lagarde não deverá correr o risco de ver os custos de financiamento dos países mais frágeis da zona euro subirem acentuadamente numa altura em que o calendário de emissão de obrigações soberanas está particularmente ocupado – mais de 100 mil milhões apenas no mês de janeiro. O risco de fragmentação da zona euro seria muito elevado.

Neste contexto, continuámos a reafetar gradualmente a nossa liquidez e voltámos a assumir posições na dívida italiana, cujo nível de rendimento aumentou para mais de 4,5% nas maturidades a 10 anos – oferecendo assim um carry particularmente atrativo. A normalização monetária na zona euro só poderá ser alcançada se os prémios de risco para os países periféricos forem limitados.

Isto também nos levou a aumentar ainda mais a nossa exposição à moeda única – que representa 85% das divisas do fundo Carmignac Portfolio Patrimoine no final de dezembro de 2022. Com efeito, a dinâmica inflacionista deverá permanecer mais forte na zona euro do que nos Estados Unidos durante os próximos trimestres e, no seu rescaldo, o diferencial entre as taxas europeias e norte-americanas deverá diminuir. A isto acresce a mudança dos preços da energia, que desceram agora para níveis inferiores aos registados antes da crise ucraniana, após o seu aumento ter penalizado significativamente o euro até este outono.

Finalmente, continuámos a gerir simultaneamente e de forma ativa o risco das ações – com uma exposição líquida do Carmignac Portfolio Patrimoine aos mercados de ações entre 20% e 28%, nível no qual fechámos em 2022 – e o risco de taxa de juro – com a sensibilidade às taxas de juro do nosso fundo histórico a variar entre 3,2 e 2,7.

Estamos convencidos de que este novo ano sorrirá aos audazes que ousam reinvestir em setores e áreas geográficas negligenciados, e até mesmo esquecidos, pela maioria dos investidores nos últimos anos.

Carmignac Portfolio Patrimoine A EUR Acc

ISIN: LU1299305190

Horizonte de investimento mínimo recomendado

Risco mais baixo Risco mais elevado

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Principais riscos do fundo

AÇÕES: O Fundo pode ser afetado por variações nos preços das ações, numa escala que depende de fatores externos, volumes de negociação de ações ou capitalização bolsista.

TAXA DE JURO: O risco de taxa de juro resulta na diminuição do valor patrimonial líquido no caso de variações nas taxas de juro.

CRÉDITO: O risco de crédito consiste no risco de incumprimento do emitente.

CAMBIAL: O risco cambial está associado à exposição a uma moeda que não seja a moeda de avaliação do Fundo, através de investimento direto ou do recurso a instrumentos financeiros a prazo.

Este fundo não possui capital garantido.

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