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Mercados emergentes: um olhar mais atento à Europa de Leste

Capítulo 3

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Indicadores fundamentais macroeconómicos relativamente sólidos, nearshoring, taxas de juro atrativas: não é preciso ir muito longe para beneficiar do potencial emergente.

Tal como a Ásia e a América Latina, a região emergente da Europa, Médio Oriente e África (EMEA) proporciona oportunidades interessantes para os investidores. Composta por territórios ricos em matérias-primas orientados pelo seu setor agrícola ou industrial, a região revela economias diversificadas. No entanto, esta distingue-se pelas fortes disparidades entre os diferentes países que a constituem.

É necessário analisar as particularidades de cada um para identificar os mercados e ativos promissores, tendo em conta os riscos associados. Embora a Europa de Leste esteja no centro da crise ucraniana, as suas repercussões ressoam de forma diferente nos vários países, e alguns destes oferecem agora um potencial de rendimento interessante, nomeadamente para os investidores obrigacionistas que procuram diversificação.

Europa de Leste: o potencial emergente nas proximidades

Após mais de um ano da primeira ofensiva russa na Ucrânia, as múltiplas consequências humanitárias, políticas e económicas continuam evidentes à escala mundial e têm abalado de forma ainda mais intensa os países da Europa Oriental. As tensões causadas pelo conflito e as sanções impostas à Rússia pelos países ocidentais conduziram a uma grande crise energética, nomeadamente na Europa, que depende em grande medida dos combustíveis fósseis russos.

Esta crise energética, associada às repercussões da pandemia de Covid-19 e às políticas monetárias resultantes, levou o mundo a um novo ambiente inflacionista, como não víamos há décadas. No entanto, ao iniciarem um ciclo de aumentos das taxas de juro logo após a crise sanitária, determinados países da Europa de Leste conseguiram conter, em certa medida, este aumento generalizado dos preços, apesar da deterioração acentuada das suas relações comerciais com a Rússia. Isto conferiu-lhes uma maior margem de manobra em relação aos países desenvolvidos no que diz respeito à implementação da sua política monetária.

Neste sentido, depois de a inflação ter atingido níveis muito elevados, alguns países, como a Hungria, a Polónia ou a República Checa, deverão ser dos primeiros a iniciar um ciclo de descida das taxas de juro, partindo de níveis atualmente muito atrativos.

Paralelamente, as tensões provocadas pela crise ucraniana levaram algumas empresas da União Europeia a procurar soluções alternativas para as incertezas associadas às cadeias de aprovisionamento, nomeadamente através da deslocalização de parte das suas atividades de produção para a Europa de Leste, que oferece mão-de-obra qualificada a um custo mais competitivo.

Nesta nova ordem geopolítica, alguns países da região, beneficiando desta dinâmica e justificando indicadores fundamentais mais sólidos, oferecem oportunidades a longo prazo atrativas, por exemplo, nos mercados obrigacionistas húngaro e romeno. No entanto, tendo em conta o ambiente ainda incerto, uma gestão ativa e flexível é essencial para tirar partido do mesmo, evitando as armadilhas.

  • SABIA QUE?

    Como especialistas na dívida emergente desde 2015, criámos um Fundo dedicado a esta classe de ativos em 2017, o Carmignac Portfolio EM Debt.

A diversidade da Roménia

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Graças à sua economia diversificada, às suas diferentes fontes de abastecimento de gás natural e à sua produção de energias renováveis, a Roménia está a limitar o impacto comercial direto da guerra na Ucrânia no seu território.

Com efeito, a Roménia é a sétima maior economia da União Europeia1, operando em setores fundamentais como o da indústria transformadora, da agricultura, da energia, automóvel ou dos serviços. O país pôde contar com os seus próprios recursos de carvão, petróleo e gás, com a sua produção de energias renováveis e recorrer a outros fornecedores quando o conflito russo-ucraniano surgiu e as sanções contra a Rússia se intensificaram.

A deterioração das relações comerciais entre os países ocidentais e a Rússia também reforçou o fenómeno de nearshoring a favor da Roménia. As incertezas associadas à guerra e o aumento dos custos de produção resultantes da crise energética levaram muitos países fronteiriços a externalizar algumas das suas atividades para a Roménia, onde os custos são competitivos e a mão-de-obra é qualificada.

O regresso da inflação a nível mundial não poupou a Roménia, que reagiu rapidamente para a tentar combater. Assim, o Banco Central romeno aumentou as suas taxas de juro diretoras para 7% em janeiro de 20232. Consequentemente, a sua economia já está a apresentar sinais de abrandamento, o que justifica uma política mais acomodatícia em breve.

A relativa estabilidade política do país, a sua dívida pública que se mantém a um nível baixo em relação ao seu produto interno bruto (PIB) e os seus esforços para reforçar a sua resposta ao aspeto ambiental dos critérios ESG são fatores que contribuem para a atratividade da Roménia, em especial no que diz respeito à sua dívida soberana externa.

A Hungria: um emitente promissor

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Embora o aumento dos preços da energia esteja a abrandar a nível mundial, as suas repercussões nos preços dos produtos alimentares estão a revelar-se consideráveis. A Hungria foi particularmente afetada pelo fenómeno, tendo registado uma taxa de inflação dos produtos alimentares anual recorde de 25,6% em março – mais do triplo da taxa da União Europeia no seu conjunto, cuja média foi de 8,3%3. Todavia, a tendência para a descida da inflação alimentar a nível mundial é suscetível de influenciar o comportamento da inflação húngara, tal como confirmado pela descida dos valores nos últimos dois meses.

Nos seus esforços para conter a evolução da inflação, a Hungria iniciou um ciclo de subida das taxas de juro muito antes da maioria dos países desenvolvidos e tem mantido uma taxa de juro diretora de 13% desde setembro de 2022.

Além disso, a solidez relativa dos seus indicadores fundamentais macroeconómicos tornaram a Hungria um emitente interessante a longo prazo. O rigor da sua política orçamental e o agravamento desta em 2022 para combater a deterioração do seu défice ajudaram a manter a sua dívida em níveis pouco elevados, minimizando assim o risco de incumprimento.

Por último, a Hungria procura ativamente melhorar os aspetos extrafinanceiros. Nomeadamente, o país está empenhado em cumprir o objetivo europeu de neutralidade carbónica e planeia encerrar a sua última central a carvão até 2025, investindo simultaneamente nas energias renováveis4.

No presente contexto, a Hungria pode ser um emitente essencial para diversificar a sua carteira e beneficiar potencialmente de retornos atrativos:

  • A dívida soberana local oferece taxas de juro reais muito atrativas para os investidores, que também poderão beneficiar de forma tática de uma reavaliação da sua divisa.

  • As perspetivas de uma recessão económica a nível mundial poderão também beneficiar a dívida soberana externa húngara, que oferecerá um potencial de desempenho a longo prazo.

  • SABIA QUE?

    Desenvolvemos um sistema proprietário de notação ESG da dívida soberana que nos permite avaliar os objetivos e as tendências ambientais, sociais e de governação dos países emergentes. O nosso modelo baseia-se em 12 critérios em conformidade com os Princípios de Investimento Responsável das Nações Unidas (UNPRI) e abrange mais de 70 países emergentes.

Além da Europa de Leste, alguns países de África também podem proporcionar retornos atrativos em todo o espetro obrigacionista, como o Benim e a Costa do Marfim. Estes países ricos em matérias-primas estão a investir para se desenvolverem e, assim, melhorarem os seus indicadores fundamentais macroeconómicos.

Através da nossa série de artigos dedicados aos mercados emergentes, descobrimos o potencial deste universo, seja na Ásia, na América Latina ou na região da Europa, Médio Oriente e África, tanto nos mercados de ações como obrigacionistas. O mundo emergente oferece oportunidades, mas é necessário possuir a flexibilidade para as aproveitar, onde quer que se encontrem, com uma grande seletividade e uma gestão ativa dos riscos: é isto que caracteriza a abordagem da Carmignac.

1Fundo Monetário Internacional, 2021.
2Banca Națională a României, https://www.bnr.ro/Monetary-Policy--3318-Mobile.aspx.
3Eurostat, 19/04/2023.
4"A Hungria prevê abandonar o carvão até 2025", Euractiv: https://www.euractiv.fr/section/energie/news/hungary-brings-coal-exit-forward-by-five-years-to-2025/

Deseja saber mais sobre a nossa abordagem sustentável dos mercados emergentes?

Carmignac Portfolio EM Debt A EUR Acc

ISIN: LU1623763221

Horizonte de investimento mínimo recomendado

Risco mais baixo Risco mais elevado

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Principais riscos do fundo

PAÍSES EMERGENTES: As condições de funcionamento e de supervisão dos mercados "emergentes" podem desviar-se das normas em vigor nas principais praças mundiais e ter implicações nas cotações dos instrumentos cotados nos quais o Fundo pode investir.

TAXA DE JURO: O risco de taxa de juro resulta na diminuição do valor patrimonial líquido no caso de variações nas taxas de juro.

CRÉDITO: O risco de crédito consiste no risco de incumprimento do emitente.

CAMBIAL: O risco cambial está associado à exposição a uma moeda que não seja a moeda de avaliação do Fundo, através de investimento direto ou do recurso a instrumentos financeiros a prazo.

Este fundo não possui capital garantido.

Carmignac Portfolio EM Debt A EUR Acc

ISIN: LU1623763221
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 (YTD)
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Desde o início do ano até à data
Carmignac Portfolio EM Debt A EUR Acc - - - +0.82 % -10.45 % +28.07 % +9.84 % +3.24 % -9.37 % +14.30 % +1.24 %
Indicador de Referência - - - +0.42 % -1.48 % +15.56 % -5.79 % -1.82 % -5.90 % +8.89 % +0.88 %

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3 anos 5 anos 10 anos
Carmignac Portfolio EM Debt A EUR Acc +2.85 % +7.39 % -
Indicador de Referência +1.47 % +1.07 % -

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Fonte: Carmignac em 28/03/2024

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